Quem me acompanha nas redes sociais, nos canais da Clínica Vita e agora também por aqui, sabe que estou sempre disposta a abraçar as campanhas de conscientização sobre temas de saúde. Neste mês de maio tivemos grande movimentação com as hashtags #MaioBordô e #3édemais, sobre os prejuízos das dores de cabeça na qualidade de vida (aqui neste vídeo e em uma série especial de posts no Instagram, eu falo sobre esse assunto). Mas há um outro tema, também muito importante, trabalhado nesse período, sobre o qual eu tive oportunidade de falar publicamente: A DISTONIA.

No dia 06 de maio tivemos o Dia Nacional da Distonia e, nessa ocasião, dei uma entrevista por telefone à Rádio Boa-Vontade, de Porto Alegre (RS), cujo áudio compartilho agora aqui neste nosso novo espaço para troca de ideias (clique aqui no link para ouvir ). Já no último dia 23, falei a respeito no programa Viver é Melhor, da Boa Vontade TV (para assistir ao programa completo, clique aqui no link ou diretamente no vídeo ao final do texto), contando com inúmeras participações de espectadores de todo o Brasil. Pude ver então que as dúvidas são muitas e que esse é um tema sobre o qual ainda há muito a ser esclarecido para as pessoas!

Durante a entrevista na TV, pacientes de todo o país enviaram perguntas sobre distonia FOTO: Milene Rolan/Baruco Comunicação

Distonia é o termo que usamos para definir um distúrbio do movimento caracterizado por movimentações involuntárias, repetitivas e incontroláveis, que podem ocorrer de maneira localizada em qualquer região do corpo ou mesmo de forma generalizada. No Brasil, consideramos que pelo menos 68 mil pessoas apresentem algum tipo de distonia, mas sabemos também que há muitas situações subdiagnosticadas. Logo, esse número pode ser ainda maior.

Ocasionada por problemas neurológicos (agravos em áreas específicas do cérebro, devido a fatores como paralisia cerebral, AVC, traumatismos, doenças neurodegenerativas, etc.), a distonia acontece devido a contrações exageradas, simultâneas e desarmônicas em músculos agonistas (favoráveis ao movimento) e antagonistas (desfavoráveis ao movimento). Em geral, o problema piora quando o paciente sente-se ansioso e desaparece durante o sono.

Sem o tratamento adequado, esse quadro geralmente provoca muitas dores, compromete a funcionalidade dos movimentos e a autonomia da pessoa, cursando para graves alterações posturais com o passar do tempo.

TRATAMENTO

Embora não possamos evitar a distonia, podemos agir preventivamente nas situações que sabemos que ela tem maiores chances de surgir.

Se um acidente vascular cerebral (AVC), por exemplo, afetar áreas especificas do cérebro, que nós chamamos de núcleos da base, haverá grandes chances do surgimento de movimentos distônicos. O mesmo acontece com quadros de paralisia cerebral e de algumas doenças neurodegenerativas.

A toxina botulínica costuma ser o tratamento de primeira linha para os casos de distonia. FOTO: Gustavo Scattena/Acervo Clínica Vita

Nesses casos, a pessoa deve ser mantida sob atenta observação dos seus sintomas neurológicos para que, tão logo surja a distonia, o tratamento adequado seja instituído. Esse, em geral, inclui a terapêutica com toxina botulínica – essencial para o “relaxamento” muscular e a melhoria das condições físicas gerais do paciente – associada a Fisioterapia e/ou Terapia Ocupacional (dentre outras possíveis medidas) para uma reabilitação postural que lhe permita melhor desenvoltura e qualidade de vida, dentro de suas possibilidades.

O uso de medicações orais é avaliado conforme cada caso e, quando nos deparamos com distonias refratárias – ou seja, pouco responsivas a toxina botulínica-, podemos associar outras técnicas, como a Neuromodulação, em suas formas não-invasiva (pela  Estimulação Magnética Transcraniana-TMS) ou invasiva, com a estimulação cerebral profunda (técnica cirúrgica, com implante de aparelho, conhecida como DBS).

SAIBA MAIS

SINTOMAS E PRINCIPAIS TIPOS DE DISTONIA

As distonias são classificadas conforme a região afetada, entre os seguintes tipos:

FOCAIS: quando afetam uma única parte do corpo (uma das mãos, um dos pés, olhos, etc.);

SEGMENTARES: quando afetam mais de uma parte, como mao e braço, braço e ombro, cabeça e pescoço;

GENERALIZADAS: são aquelas que afetam dois ou mais segmentos do corpo.

Além disso, o quadro é também classificado conforme a causa:

DISTONIAS PRIMÁRIAS: quando não há uma causa específica para o surgimento do sintoma (que, nessas situações, geralmente se deve a algum fator genético);

DISTONIAS SECUNDÁRIAS: quando acontecem devido alguma doença, tramatismos cranianos ou pós-AVC.