A “Maternidade Atípica” é uma realidade vivida pela grande maioria das mães dos meus pacientes em Neurorreabilitação. Cotidianamente, com essas mulheres (e com as suas famílias), eu vou enriquecendo as minhas percepções e o meu conhecimento, aprendendo a (re)pensar inúmeras questões.

Nesta semana do Dia das Mães, eu concluí que a maior homenagem que eu lhes poderia prestar é contribuindo para que as suas vozes sejam ouvidas. Por isso, convidei para uma conversa ao vivo no meu Instagram a psicopedagoga e influenciadora digital Carol Rezende – alguém que conhece muito bem o tema, tanto nos seus aspectos teóricos, como também na prática, e que, além disso, sabe sintetizar as questões de forma clara e assertiva. Ela acabou por representar ali para mim todas as mulheres para as quais eu gostaria de me dirigir: mães típicas, mães atípicas, mães em geral, enfim.

Em cerca de uma hora de bate-papo, falamos sobre tudo e mais um pouco daquilo que é inerente à maternidade: sonhos, culpas, medos, cobranças… e, claro, amor.

Então este post é, em primeiro lugar, para convidar você que me acompanha aqui no blog a se juntar a nós, clicando AQUI, NESTE LINK, para ver o vídeo completo. Após assistir, eu posso apostar que você começará a pensar diferente sobre uma série de questões, e talvez até mude o seu modo de ver e de agir perante inúmeras situações.

Sendo assim, deixo já registrados aqui abaixo alguns tópicos que poderíamos até chamar de “postulados básicos sobre a Maternidade Atípica” – mas que, se pensarmos bem, bem mesmo, são, na verdade, tópicos essenciais sobre a maternidade em geral, que todos nós já deveríamos saber:

  • Qualificar uma mãe – típica ou atípica – de heroína, guerreira, supermãe, etc., pode até parecer (e ser, de fato) um elogio. Mas é preciso ter atenção se esses adjetivos não estão, na verdade, direcionando a essa mulher uma carga de atribuições e responsabilidades que poderiam (e deveriam!) ser divididas com o pai, com o restante da família e com uma boa rede de apoio;
  • A maternidade atípica implica, sim, em desafios específicos, que não raramente são mais difíceis (ou mesmo maiores) do que aqueles enfrentados na maternidade típica. Mas imputar nisso, automaticamente, ideias de fardo, pena, abnegação, etc. são atitudes preconceituosas e/ou capacitistas;
  • O autocuidado é um DIREITO de todo ser humano, e, com as mães, não deveria ser diferente. Mas acaba sendo. Na maternidade atípica, em especial, a reserva de tempo para cuidar da própria saúde física e mental, assim como de outras áreas da vida (social, afetiva, profissional, etc.), é, muitas vezes, encarada com culpa pela própria mulher e desincentivada pelas pessoas no entorno. Isso é um grande equívoco, porque ninguém cuida bem do outro se não estiver bem. Vamos mudar isso?
  • Junto com um filho, nasce uma mãe. Mas a maternidade (de cada filho) é também um processo em permanente construção. Na chamada “maternidade atípica”, é comum falarmos nas fases de choque/luto (ao receber a notícia sobre um comprometimento físico e/ou cognitivo ou de uma doença crônica da criança), a da aceitação (quando questões como culpa, revolta, medo, etc. já tiveram o seu tempo para serem elaboradas) e da ressignificação (quando a evolução e o desenvolvimento atípico são verdadeiramente compreendidos). É natural passar por essas etapas, mas contar com um suporte adequado em cada uma delas ajuda muito, não só a mãe, mas a toda a família.

Bem, esses são apenas alguns pontos que destaquei. Há ainda inúmeras outras questões. Quando eu digo que o nosso aprendizado precisa ser algo contínuo, eu não me refiro apenas aos cursos, congressos, workshops e treinamentos, tão importantes para qualquer profissional de Saúde. Estou falando também das grandes lições que temos no dia a dia, através do contato com histórias de vida e da partilha de experiências, assim como da importância de estarmos atentos às questões que precisam ser (re)pensadas e debatidas.

Mas, para já, a minha grande conclusão é: a maternidade merece e precisa ser celebrada. Por isso, hoje, os meus parabéns, todo o meu respeito e o meu carinho para todas as mães!