Bastante abrangente, o termo paralisia cerebral(clicando aqui no link, veja uma série especial sobre o tema no meu canal do Youtube) suscita muitas dúvidas para a maior parte dos pais, familiares e demais envolvidos na rede de apoio dos pacientes com esse diagnóstico. Afinal, trata-se de uma condição que acomete a criança e que afeta o seu desenvolvimento, mas sempre com sintomas e implicações muito individualizados.
Paralisia cerebral é o termo que se usa para dizer que a criança sofreu uma lesão, um agravo ou uma malformação no sistema nervoso central, que compromete o seu pleno desenvolvimento. Esse comprometimento pode incluir: funções motoras e/ou fala e/ou cognição, além de poder gerar também crises convulsivas (epilepsia).
Contudo, o tipo de comprometimento, bem como a sua extensão, variam muito de caso para caso. Assim, se por um lado existem premissas comuns em relação ao diagnóstico da paralisia cerebral (no vídeo aqui deste link falo sobre alguns sintomas mais específicos) e sobre a condução desses casos, por outro, o prognóstico e a evolução variam muito de individuo para indivíduo.
Nenhum caso é igual ao outro – e essa é uma das principais razões pelas quais, cada vez menos, aceitamos a existência da paralisia cerebral como uma sentença de vida repleta de limitações e isolamento!
Embora saibamos cada caso é único, hoje há um consenso de que a grande maioria desses pacientes necessita de terapêuticas diversas atuando em conjunto e de forma harmônica, a fim de que, dentro de suas possibilidades, essas pessoas possam melhorar o seu estado geral, ganhar maior conforto físico, ter ampliadas as suas condições e chances de desenvolvimento (ganhos motores, aprendizado, sociabilização, etc.) e alcançar a melhor qualidade de vida possível.
Sendo assim, a necessidade de um acompanhamento multidisciplinar é outro ponto em comum nos casos de paralisia cerebral. Com o neurologista infantil fazendo as vezes de um verdadeiro “maestro em uma grande orquestra”, o plano de tratamento costuma incluir também especialistas em áreas como: Fisiatria, Ortopedia, Nutrição, Fonoaudiologia, Psicologia, Neuropsicologia, Terapia Ocupacional, Fisioterapia, entre outras.
À medida que o paciente evolui e que a idade avança, as necessidades e os tipos de suporte também têm de acompanhar essa evolução. É um acompanhamento permanente, que exige ajustes constantes.
Cabe ressaltar ainda que o ponto de partida nunca é idêntico para todos. Entre as principais razões para a paralisia cerebral, incluem-se situações como: malformação do sistema nervoso central, problemas durante a gestação, complicações no parto, anoxia neonatal, infecções congênitas, nascimento prematuro, infecções e/ou lesões durante a primeira infância. Logo, variam muito tanto as causas da paralisia cerebral, quanto as áreas do cérebro e funções afetadas em cada paciente.
Por outro lado, as respostas aos tratamentos e estímulos não são matemáticas. Temos, claro, o conhecimento de terapêuticas com grande eficácia, que são prescritas sempre que há necessidade e condições para esse tipo de indicação – como nos casos dos tratamentos com toxina botulínica para o tratamento da espasticidade, distonia, dor e salivação excessiva, fisioterapia motora, fonoterapia, tratamento de comorbidades como epilepsia com medicações anticonvulsivantes e/ou dieta cetogênica, distúrbios do sono e do comportamento.
Mas, sendo o cérebro e o sistema nervoso tão complexos e surpreendentes, inúmeras vezes somos surpreendidos com evoluções que superam em muito os prognósticos. Nesse sentido, além dos incontestáveis benefícios de um suporte terapêutico interdisciplinar (aqui neste link falo mais especificamente sobre o conceito da Neurorreabilitação), não podemos jamais subestimar a importância da rede direta de apoio: o entendimento e adaptação da família, a devida qualificação dos cuidadores diretos, bem como as políticas de inclusão são questões cruciais, que fazem, sim, toda a diferença!
Veja também no meu canal do Youtube, uma série especial sobre Paralisia Cerebral