Segundo o Ministério da Saúde, 13,5 milhões de pessoas no mundo têm um AVC. No Brasil, os registros alcançam 400 mil casos por ano. Assim como há casos que passam por isso sem sequelas, também existem os que precisam lidar com as consequências após a ocorrência do derrame. Para este segundo grupo, a neuromodulação pós-AVC tem sido um tratamento cada vez mais utilizado e com resultados bastante promissores junto a outras terapias complementares.
O que é a neuromodulação
Quando uma pessoa é acometida pelo AVC, diversas estruturas do cérebro são afetadas, impactando a sua funcionalidade e tudo o que dele depende, como raciocínio, fala, movimento, entre outros. É como se a cadeia de comando de nosso corpo sofresse uma pane em sua comunicação, afetando a direção e execução que se desmembra dela.
A depender do tipo e da gravidade do AVC, o nosso cérebro sempre é capaz de gerar novas conexões que permitem a recomposição parcial ou total de grande parte das perdas geradas pelo AVC. É o que chamamos de neuroplasticidade, em que os neurônios saudáveis buscam uma alternativa para “refazer” caminhos para que o nosso corpo volte a ter a capacidade de executar determinadas ações, como comer sozinho, segurar e mover objetos, falar corretamente, se vestir e caminhar.
Trata-se de um processo contínuo, cujo tempo irá depender de cada caso, mas que pode ser acelerado com a neuromodulação. Neste artigo, vou abordar o tipo não invasivo (Estimulação Eletromagnética Transcraniana – EMT) que tenho inserido no tratamento de meus pacientes.
Neuromodulação no tratamento pós AVC
Antes de tudo, sempre é importante destacar que o tratamento após um acidente vascular cerebral nunca será composto por apenas uma especialidade, afinal, como já citado aqui, quando o cérebro é atingido, diversas funções são afetadas. Por isso, as equipes multidisciplinares costumam ser integradas por fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos e neurologistas e fisiatras, que auxiliam o paciente na reabilitação quanto à fala, alimentação, coordenação motora e movimentos gerais.
A neuromodulação contribui para a melhora do desempenho motor e também da dor, agindo essencialmente no estímulo cerebral para a recuperação das atividades dos neurônios.
Para a função da mobilidade, a neuromodulação visa recompor a força e reduzir a espasticidade dos membros. No âmbito doloroso, o procedimento vai agir de forma a aumentar a função das vias que costumavam bloquear a dor para que se reestabeleçam ou encontrem um novo meio de desempenhar a função.
Neuromodulação não invasiva: como funciona e quando é indicada
Este procedimento é realizado por meio de um equipamento de alta tecnologia, cuja ação se dá por meio de campos eletromagnéticos que agem na superfície craniana e que vão em busca de modular as conexões (sinapses) mais superficiais do cérebro. Esses campos eletromagnéticos, por sua vez, ativam ou inibem (dependendo do caso) as conexões mais profundas. Neste tratamento, o estímulo eletromagnético pode atingir até 4cm de profundidade.
Aqui no consultório, eu trabalho com a versão mais moderna do equipamento Magventure Magpro R20. As sessões duram, em média, 40 minutos e o paciente fica acomodado em uma cadeira confortável e conectado ao aparelho. Durante a neuromodulação não invasiva não há incômodos, apenas uma leve vibração devido à liberação das ondas eletromagnéticas. O número de sessões varia conforme cada caso e protocolo, sendo definido de acordo com critérios médicos, até porque este procedimento apresenta resultados temporários e cada organismo reage de forma singular.
Além de casos pós-AVC, a neuromodulação pode ser indicada para outras doenças neurológicas e distúrbios psiquiátricos, como depressão, dependência química, transtorno bipolar, distúrbios cognitivos, enxaqueca, epilepsia, doença de Parkinson, distonia, dores crônicas etc. (veja a lista completa aqui).
A mensagem que quero deixar é que existe mais de uma opção que visa melhorar a qualidade de vida do paciente que sofreu um AVC para que ele possa retomar o papel que exercia antes do evento da melhor maneira possível.
Este conteúdo visa informar e não substitui a orientação de um especialista. Consulte o seu médico para esclarecer quaisquer dúvidas e realizar diagnósticos.