Tratamento da Enxaqueca

O tratamento da enxaqueca é um processo que exige uma estreita parceria entre o médico especialista que conduz o plano terapêutico e o próprio paciente. Na minha metodologia de trabalho, tenho na linha de frente a terapêutica com Toxina Botulínica – considerada em consenso internacional como o “padrão-ouro” no controle dessa patologia.

Mas, havendo ou não indicação para esse procedimento, sempre trabalho primeiramente com o esclarecimento de que se trata de uma patologia crônica (ainda sem cura), que exige uma abordagem multidisciplinar, e que tanto melhores são os resultados quanto maiores forem as medidas de neutralização dos chamados gatilhos das crises.

Para tratamento da enxaqueca, a Toxina Botulínica é aplicada em até 31 pontos específicos, em músculos da cabeça e dos ombros. Ela leva a uma diminuição considerável da frequência, da duração e da intensidade das crises de dor relatadas pelo paciente. Com isso, a terapêutica oferece melhores condições clínicas para que a pessoa possa empreender mudanças em sua rotina e no seu estilo de vida, que contribuirão para o completo sucesso do tratamento.

O protocolo do tratamento da enxaqueca com a Toxina Botulínica prevê um ciclo de quatro aplicações (pelo menos), com intervalo de três meses entre cada uma. Depois disso, a pessoa deve continuar o acompanhamento médico e realizar aplicações de manutenção, com periodicidade a ser definida pelo médico neurologista, conforme a necessidade de cada caso.

Como funciona o tratamento da enxaqueca com Toxina Botulínica

Basicamente, inclui as seguintes etapas:

  • Avaliação clínica para o correto diagnóstico de enxaqueca e, quando necessário, a realização de exames para descartar a presença de outras patologias que podem estar gerando os sintomas;

  • Identificação se existe ou não o uso crônico de analgésicos que estejam perpetuando o quadro de dor;

  • Identificação dos principais gatilhos de crises e adoção de medidas de neutralização dos fatores desencadeantes;

  • Realização do ciclo de aplicações com Toxina Botulínica, conforme protocolo e indicação clínica;

  • Prescrição de medicação de alívio (para os momentos de crise), podendo também haver ou não uso de medicações orais de uso contínuo ou, ainda, os mais recentes anticorpos anti-CGRP;

  • Acompanhamento do padrão das crises por meio do diário da dor.

Junto ao tratamento convencional da enxaqueca, há ainda diversas outras abordagens terapêuticas que podem contribuir diretamente para acelerar os resultados e ampliar os níveis de sucesso. Dentre elas, posso destacar: acompanhamento nutricional, acupuntura, psicoterapia, avaliação das disfunções da articulação temporomandibular e, em especial, a avaliação por um médico psiquiatra e o tratamento com a neuromodulação nos casos em que a depressão surge como comorbidade associada.

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