Série conhecer e tratar Distúrbios do Movimento (DM)
Por que é importante falarmos da Distonia, que é um tipo de Distúrbio do Movimento Hipercinético? Por que, apesar dos avanços na Medicina e tratamentos cada vez mais assertivos, ela ainda é um quadro muito desafiador.
O diagnóstico em si não costuma ser difícil. Ao avaliar um paciente, um médico com olhar treinado facilmente irá identificar aquele movimento anormal como uma Distonia. Entretanto, o tratamento pode ser longo e necessitar do auxílio de terapêuticas combinadas para alcançar um bom resultado.
A partir desse primeiro diagnóstico ou hipótese diagnóstica, é necessário uma investigação para classificar o quadro referente a alguns aspectos – as chamadas Classificações da Distonia. Continue lendo para entender.
Classificação da Distonia
A Distonia pode ser classificada por distribuição corporal a partir dos aspectos: agudo ou crônico, se teve início na infância ou na fase adulta, se o aparecimento do sintoma foi súbito ou gradual, e se essa Distonia é focal, segmentar, multifocal ou generalizada. Veja:
- Distonia focal: apenas uma parte do corpo é afetada.
- Distonia multifocal: duas ou mais áreas não contíguas, ou seja, sem ligação, apresentam o sintoma.
- Distonia segmentar: duas ou mais áreas contíguas, ou seja, com ligação, como mão, cotovelo e ombro, são atingidas.
- Distonia generalizada: ocorre quando o tronco e dois ou mais membros estão envolvidos, podendo ou não acometer membros inferiores.
Por ser um quadro que afeta consideravelmente a vida diária do paciente, causando dor e dificuldade ou até impossibilidade de realização de tarefas simples, a Distonia leva a um importante prejuízo de qualidade de vida, sendo a Depressão a comorbidade mais frequentemente associada.
Por isso o tratamento deve ser multidisciplinar, envolvendo neurologistas, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e psicólogos, visando o bem estar do paciente e proporcionando os melhores resultados possíveis.
Toxina Botulínica nos Distúrbios do Movimento Hipercinéticos
A Toxina Botulínica é uma toxina produzida por uma bactéria que, ao ser purificada em laboratório, apresenta propriedades terapêuticas. Com ela é possível tratar hipertonias, dores crônicas ou localizadas e secreções glandulares.
A Toxina Botulínica não é um tratamento novo na Neurologia, tendo seu início em meados dos anos 1970. Os primeiros estudos e testes clínicos, foram realizados pelo médico Alan Scott, oftalmologista, que buscava uma alternativa ao tratamento cirúrgico para estrabismo.
Nos Distúrbios do Movimento Hipercinéticos, a Toxina age no corpo da seguinte maneira:
- A toxina é aplicada no músculo e procura por nervos próximos.
- No nervo (placa mioneural) a Toxina Botulínica impede a liberação da acetilcolina (neurotransmissor), inibindo ou reduzindo a sinalização para a contração muscular.
O procedimento é simples, realizado em consultório, e costuma ter como efeito colateral incômodo no momento da aplicação, que cessa logo em seguida. Crianças a partir de 2 anos podem ser submetidas às aplicações, e a duração média dos efeitos é de 4 meses.