Recentemente, a Academia Brasileira de Neurologia (ABN) publicou um material sobre as vacinas contra a covid-19 e os possíveis impactos em pacientes portadores de doenças neurológicas. São informações relevantes e que precisam ser passadas adiante, por isso eu as trago para você também disseminar este conteúdo com seus familiares e amigos.

Covid-19: Impactos do vírus e das vacinas em pacientes com doenças neurológicas

Covid-19: Impactos do vírus e das vacinas em pacientes com doenças neurológicas

Antes, porém, é preciso esclarecer o cenário sobre as incertezas em torno da vacinação. Há quem tenha medo de tomar a vacina e “contrair” a doença; outros, não acreditam em sua efetividade porque o tempo para o seu desenvolvimento foi o menor já visto na história. E apesar do receio compreensível neste contexto todo, é importante focarmos na única ajuda palpável e disponível até o momento: a vacina contra a covid-19. Ela pode evitar o agravamento dos sintomas, ainda que não haja certeza se ela pode evitar novos contágios, especialmente ao considerarmos as mutações do vírus.

Em relação às possíveis interações das vacinas em pacientes com doenças neurológicas, em que se incluem as neurodegenerativas, vasculares, infecciosas, imunomediadas, carenciais, síndromes vestibulares e as herdadas geneticamente,  até o momento não há qualquer indício de contraindicação.

A observação que se faz é sobre o não conhecimento, por exemplo, de a imunossupressão deste perfil de paciente potencialmente diminuir a eficácia da vacinação. Sendo assim, os cuidados preventivos (uso de máscara, distanciamento social e uso de álcool em gel) devem ser mantidos mesmo após a imunização.

A ABN orienta, apenas, “que não é indicado o uso de vacinas à base de vírus vivo atenuado, caso elas sejam aprovadas no futuro por alguma agência reguladora”.

Sobre os possíveis efeitos colaterais – comuns em todas as pessoas vacinadas –, são eles: febre baixa, mialgia (dor muscular), cefaleia (dor de cabeça), náuseas, fadiga e dor/ vermelhidão no local de aplicação da injeção, sendo que esses efeitos foram mais frequentes após a segunda dose (dose de reforço) e tiveram curta duração.

A Academia também faz recomendações específicas para esses pacientes:

  1. A febre, que pode ocorrer depois da vacinação, pode facilitar o aparecimento de crises epilépticas em quem tenha predisposição a elas, por isso, recomenda-se o uso de antitérmico caso haja aumento da temperatura corporal. Outra opção é o uso regular de antitérmicos durante as 48 horas pós a imunização, especialmente com a vacina da Astra-Zeneca, que tende a provocar febre com mais frequência.
  2. Não há qualquer indicação para interromper os medicamentos regulares em uso.

Covid-19 e doenças neurológicas

Esclarecida as principais dúvidas sobre a vacina para covid-19 em pacientes com doenças neurológicas, aproveito a oportunidade para retomar os possíveis impactos do coronavírus em pessoas com doenças neurológicas, entre elas:

  • Alzheimer;
  • Artrite;
  • Distrofias musculares;
  • Doença de Kawasaki;
  • Doença de Parkinson;
  • Epilepsia;
  • Esclerose múltipla;
  • Febre reumática;
  • Imunodeficiência primária;
  • Síndromes álgicas, como cefaleia e fibromialgia.

Apesar de estarmos convivendo com a covid-19 há um ano, ainda estamos assimilando como ela age nos mais diferentes perfis de pessoas, incluindo pacientes neurológicos. O que entendemos é que as manifestações mais comuns a todos são perda do olfato e paladar, tontura, confusão mental, dor de cabeça e, nos casos mais graves, acidente vascular cerebral (AVC). Esta última intercorrência se deve ao fato de que a covid-19 ocasiona uma vasta inflamação dos vasos sanguíneos, facilitando a ocorrência do popular derrame.

Em relação às dores de cabeça, já há relatos de aumento de crises de um tipo específico dela após a infecção pelo novo coronavírus, o tipo  enxaqueca. Nestes casos, é essencial não interromper o tratamento medicamentoso da enxaqueca e conversar com o seu neurologista a respeito das medidas possíveis para amenizar as crises dolorosas.

Nos demais casos, podem-se observar uma acentuação dos quadros típicos de crises da doença pré-existente pelo período do contágio pelo coronavírus, já que aparentemente ele se aproveita das deficiências imunológicas de cada um.

Enquanto não temos todas as respostas, nossa maior segurança é manter o cuidado constante.

Mesmo que você, um amigo, ou um familiar já esteja vacinado contra a covid-19, é importante manter o distanciamento social e o uso de máscaras e de álcool em gel.

 

 

Este conteúdo visa informar e não substitui a orientação de um especialista. Consulte o seu médico para esclarecer quaisquer dúvidas e realizar diagnósticos.