Todos os nossos órgãos estão conectados de alguma forma, por isso quando ocorre uma falha em alguns deles, podemos ter reflexo em outros. Isso nos permite compreender porque funções essenciais são comprometidas quando o cérebro, o rim ou o pâncreas é acometido por algum problema. Quando há ocorrência de um AVC, por exemplo, temos um desdobrar de possíveis disfunções, que passam pela cognição, fala, mastigação e movimentos de membros.

Conhecido popularmente como derrame cerebral, o AVC acontece quando o sangue encontra dificuldade para chegar ao cérebro, interferindo na passagem de oxigênio e outros nutrientes. Sua ocorrência também está ligada ao rompimento de um vaso sanguíneo, que leva à hemorragia cerebral. O primeiro tipo é o que chamamos de AVC isquêmico, enquanto o segundo – como a própria denominação propõe -, é o AVC hemorrágico.

A boa notícia diante de um quadro de AVC, a depender do tipo e gravidade, é que o nosso cérebro conta com um trunfo que é a neuroplasticidade, ou seja, uma capacidade de gerar novas conexões que permitem a recomposição total ou de grande parte das perdas geradas pela doença.

Traduzindo, a neuroplasticidade é a forma que os neurônios saudáveis encontram de “refazer” antigos caminhos para que o nosso corpo volte a ter a capacidade de executar determinadas ações, como comer sozinho, segurar e mover objetos, falar corretamente, se vestir e caminhar.

É um processo demorado, variando caso a caso, mas que pode ser acelerado com as terapias de reabilitação.

Como estimular a neuroplasticidade pós-AVC

O primeiro passo para estimular a neuroplasticidade se dá a partir da condução, o mais breve possível, das terapias de reabilitação a partir de um médico neurologista ou fisiatra, que irá avaliar as condições e necessidades do paciente para o desdobramento dos demais profissionais que possam somar ao tratamento com a fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, entre outras, e que poderão ter o suporte de medicações especiais, orais e injetáveis.

A importância da brevidade pela reabilitação se dá para conter os processos degenerativos, especialmente de contratura e atrofia dos membros, muito comum na ocorrência do AVC e que apresenta excelente resposta com a toxina botulínica A.

Outra técnica com resultados bastante promissores para a neuroplasticidade é a neuromodulação não-invasiva, realizada pela Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) e que atua emitindo ondas eletromagnéticas capazes de alterar o padrão o funcionamento cerebral para melhorar o desempenho do sistema nervoso central (cérebro/medula) e/ou sistema nervoso periférico (nervos periféricos).

Como somar às terapias de neuroplasticidade em casa

  1. Rotinas do dia a dia – Dedicar-se, à medida do possível, à prática das atividades da casa e do autocuidado, como a própria higiene, o se vestir, se alimentar e algum tipo de passatempo, como o cultivo de plantas.
  2. Animais – Manter contato com bichos de estimação que possam estimular a interação e até a movimentação dentro de casa.
  3. Música – Ouvir música promove conexões neurais, melhora o humor e pode até estimular o paciente a dançar, dentro de suas capacidades. Quando existe um ritmo externo que dita a frequência dos movimentos eles tendem a acontecer mais naturalmente. Se o canto também for promovido ele contribui como forma de exercício respiratório que agrega para musculatura orofaríngea.

O importante é saber que todo estímulo é bem-vindo, por menor que ele seja, e quanto mais constante e prazeroso for, melhor será o processo de recuperação.

 

Este conteúdo visa informar e não substitui a orientação de um especialista. Consulte o seu médico para esclarecer quaisquer dúvidas e realizar diagnósticos.