Série conhecer e tratar Distúrbios do Movimento (DM)

Distúrbios do Movimento são sintomas neurológicos que causam alterações de movimento. Geralmente, somos capazes de realizar uma grande gama de atividades como caminhar, sentar, escrever… todas elas comandadas pelo cérebro de forma voluntária e/ou automática e coordenada. 

Entretanto, para o paciente que sofre de algum distúrbio do movimento, essa movimentação considerada “simples”, pode se tornar um desafio. Antes de mais nada, devo reforçar que os Distúrbios do Movimento provocam movimentação involuntária.

Para entender melhor o que são os Distúrbios do Movimento, leia o primeiro texto da série “Conhecer e tratar Distúrbios do Movimento”, “Afinal, o que são Distúrbios do Movimento?”.

No post de hoje, vou aprofundar nos tipos de Distúrbio do Movimento. Os quadros são divididos em dois grandes grupos: os de caráter hipercinético – quando há tônus muscular em demasia- ou os hipocinéticos – quando há uma redução do tônus muscular. 

Continue lendo para entender melhor! 

 

Distúrbios do Movimento Hipercinéticos e Hipocinéticos

Como eu já disse, os Distúrbios do Movimento podem ser divididos entre hipocinéticos e hipercinéticos. Em síntese, cinético se refere ao movimento, relativo à energia. Hiper significa muito e Hipo, pouco. Portanto, hipocinético significa com pouco movimento e hipercinético, muito movimento. 

Dentre os distúrbios hipocinéticos, a Doença de Parkinson é o exemplo mais típico, causando lentidão, dificuldade de iniciar e/ou de manter o movimento. Por outro lado, os distúrbios classificados como hipercinéticos se apresentam em maior número e frequência no consultório, em forma de Distonias, Coreias, Atetoses, Mioclonias e Ataxias, por exemplo. 

Veja que alteração do movimento caracteriza por alguns dos Distúrbios do Movimento:

  • Distonia: movimentos de torção, podem acometer membros superiores e inferiores, tronco, região da cabeça e pescoço;
  • Coreia: caracterizada por movimentação ampla, principalmente de cintura escapular e membros superiores;
  • Atetose: movimentação de extremidades, com pequena amplitude;
  • Mioclonia: movimento de lançar abruptamente o corpo para trás, semelhante a um susto;
  • Ataxia: caracterizada por uma incoordenação motora, andar descoordenado (lembrando o andar ebrioso). 

Para auxiliar no diagnóstico, primordialmente, grave a movimentação e leve ao neurologista! Médicos com olhar treinado em Distúrbios do Movimento conseguirão levantar mais facilmente hipóteses diagnósticas baseados na visualização das imagens.

 

Como são os tratamentos para Distúrbios do Movimento?

Os tratamentos para Distúrbios do Movimento envolvem o uso de medicação oral e terapias motoras. Além disso, existe a possibilidade de aplicação de Toxina Botulínica, que provoca relaxamento dos músculos e potencializa os efeitos das outras terapias. Para casos mais refratários, também é possível utilizar procedimentos neurocirúrgicos, como por exemplo o DBS – Deep Brain Stimulation. Este último principalmente nos casos de Doença de Parkinson, tremor, distonias generalizadas ou focais refratárias aos tratamentos propostos anteriormente.

Para início do tratamento, é claro, é importante que seja realizada uma história clínica de qualidade, com investigação das possíveis causas daquele distúrbio, doenças associadas, consideração dos efeitos colaterais da medicação e realidade do paciente. Geralmente, o que alcança melhores resultados é uma associação dessas terapias, com acompanhamento contínuo da pessoa em tratamento e sua família.

Atenção: não inicie ou descontinue o uso de medicações para Distúrbios do Movimento de forma abrupta. Isso pode provocar piora em algumas situações e tornar difícil restabelecer a condição anterior do paciente.

 

Distúrbios do Movimento tem cura?

O futuro ideal que almejamos é um futuro onde existirão soluções para todas as doenças. Os Distúrbios do Movimento costumam não ter cura, mas tratamentos bastante eficazes, com possibilidades que começam na reabilitação motora por equipe multidisciplinar, uso de medicação oral, aplicações de Toxina Botulínica e chegam às intervenções neurocirúrgicas.

Ser diagnosticado com um Distúrbio do Movimento não deve ser uma sentença de isolamento e privação. Com as terapêuticas certas, é possível reconquistar qualidade de vida apesar da doença. Converse com o seu Neurologista, pergunte por opções e exija os melhores tratamentos disponíveis.